Parte IV
Conforme avançava, o grupo divino
perdia importantes partículas para a Tríade. Até que Khanagem teve a brilhante
ideia:
- G.E.D.U., que tal se usarmos a
essência do Arcanjo Uriel para atrapalharmos a vida da Tríade?
- Excelente! Do jeito que o Uriel
fala, várias partículas vão se extinguir de monotonia! – respondeu G.E.D.U.,
que ativou a essência de Uriel:
- AAAAAHHHH, QUE VONTADE DE
FALAR! Vi recentemente uma propositura que, na verdade, era uma medida afeta às
orientações de competência da Secretaria do Governo Celestial. Por isso, no
exercício desse mister, a estrita observância à norma capacitiva que obstava à
legislação, restando patente que os Arcanjos mencionados estavam
blablablablablablá...
- Está dando certo, Khanagem! –
comemora o G.E.D.U.
- Sim, as partículas da Tríade
não estavam preparadas para isso!
Vinte bilhões de milênios depois,
Uriel ainda demandava:
- ... no que tange à propositura,
coadunamos a consolidação do quadro normativo, aspecto que preconiza o assunto
em epígrafe, oriundo de deliberação compulsória do referido grupo de ação,
blablablablablablá...
Assim, partícula após partícula
caía nos domínios do grupo divino do G.E.D.U., que inflava a essência de Uriel
cada vez mais, fazendo com que ele dominasse imensas áreas em relativo pouco
tempo.
- É a primeira vez que vejo
partículas morrendo de encheção de saco! – disse Khanagem.
- Eu também! Nunca imaginava que
o Uriel fosse capaz disso. Sempre achei que só nós fôssemos sofrer com esse
papo inútil dele. – respondeu o G.E.D.U.
- No final, nem é tão inútil
assim! – completou Khanagem.
A fala de Uriel nunca fora tão
bem apreciada e utilizada por mais ninguém além do próprio. Por conta disso,
nunca tivera realmente carta branca para falar tudo o que pretendia. Via nessa
oportunidade um reconhecimento de seus talentos divinos de oratória.
G.E.D.U., então, tem a ideia de
utilizar os talentos de seu grupo em mais uma frente contra a Tríade. Ele diz a
Khanagem:
- Podemos utilizar toda a chatice
do Gabriel para enfraquecer ainda mais a Tríade.
- Excelente ideia! – aprova
Khanagem – assim utilizamos a dupla mais chata e irritante do mundo celestial.
- Gabriel, eu escolho você! Vá
fazer seu trabalho! – ordena o G.E.D.U.
- FAAAAAAAALA, QUERIDA TRÍADE!
Como vai, Caos? Tudo bem, Desconhecido? E olha que eu te conheço, hein! E você,
Acaso, melhorou daquele problema nas costas? – dizia o irritante Gabriel.
- Perfeito, agora estamos
avançando como nunca! – comemorou o G.E.D.U.
Aos poucos, a Tríade percebia que
os seres celestiais eram, para eles, o que os humanos eram para os seres
celestiais: uns chatos de galocha. Chegaram ao absurdo extremo de cogitar
deixar-se harmonizar logo de uma vez, pois perceberam que lutar contra isso era
um exercício de paciência elevado a infinitas potências. Paciência, paciência...
o tempo fizera com que perdessem, dada sua distância de todos os seres
orgânicos, que eram fonte inesgotável de encheção.
Gabriel se empolgava:
- Mas como é bom jogar
pingue-pongue com as partículas da Tríade! Venham me pegar, venham! Não
conseguem, né? São uns molengas mesmo! – ele atiçava.
Neste exato momento, Uriel
chegava à metade de sua dissertação sobre o uso subjetivo da adversidade em
discussões acaloradas. Então, pela primeira vez, o Acaso Tenebrosamente
Tenebroso, o Supremo Desconhecido Absoluto e o Caos, essências primordiais de
todo o Multiverso, pensaram em suicídio coletivo.
- Nesse ritmo, em breve
chegaremos ao coração da Tríade! – disse o G.E.D.U.
-
Sim. Mais alguns poucos milhares de bilhões de anos, e lá estaremos! –
concordou Khanagem.Bilhões de anos? Dá tempo de fazer xixi enquanto isso? Não perca, semana que vem, mais um episódio de "O Multiverso em Perigo"!