terça-feira, 29 de dezembro de 2015

A Fulaninha Clichezenta

Arcanjo Khanagem: Anjo Auxiliar, mande o próximo!
Anjo Auxiliar: Você ouviu, fulaninha... é sua vez.
Fulaninha: Ah, é aquilo mesmo que dizem, não é? Os últimos serão os primeiros! Bem que eu contava que haveria uma luz no fim do túnel!
Arcanjo Khanagem: Não acredito... uma fulaninha clichezenta! Era só o que me faltava!
Anjo Auxiliar: Xiii, chefe... é o que tem pra hoje!
Arcanjo Khanagem: Estou lendo no seu relatório que sua vida foi um porre de monotonia. Não tem vergonha disso?
Fulaninha Clichezenta: Claro que não! Eu sempre achei que quem com ferro fere, com ferro será ferido! Justamente por isso, não ferrava ninguém!
Arcanjo Khanagem: Está ferrando com meus ouvidos, tendo que ouvir isso.
Fulaninha Clichezenta: Eu não acredito que fui morrer justo na mais paulista das avenidas... como este ano voou e sou uma pessoa dinâmica, cujo maior defeito é ser perfeccionista, não pude esperar a pró-atividade de outros, já que eu sempre me adapto a tudo.
Arcanjo Khanagem: Não é por nada, mas eu me sinto em uma entrevista de emprego.
Anjo Auxiliar: Posso tentar, chefe?
Arcanjo Khanagem: Sim, vá em frente!
Anjo Auxiliar: Fulaninha Clichezenta, você não tinha ambições na vida?
Fulaninha Clichezenta: Ah, só queria ter saúde... porque a saúde é nossa maior riqueza. Saúde e família, claro! Do resto, a gente corre atrás!
Anjo Auxiliar: Divertido, né, chefe?
Arcanjo Khanagem: Tão divertido como irritante. É uma mescla interessante.
*** Enquanto isso, nas profundezas do inferno ***
Tanás: Posso tentar, Khanagem?
Arcanjo Khanagem: Claro!
Tanás: O que você, Fulaninha Clichezenta, fazia para passar o tempo, enquanto estava viva?
Fulaninha Clichezenta: Ah, eu adorava música, principalmente daqueles artistas considerados monstros sagrados da arte. Alguns eram verdadeiras usinas de ideias. E não falo isso da boca pra fora; eu dava nome aos bois: se não gostava, falava mesmo! Mas, fazer o quê... fé em Deus e pé na tábua!
Tanás: ...
Arcanjo Khanagem: Ei, Tanás... ouça, Tanás!!
Tanás: ...
Arcanjo Khanagem: OUÇA, TANÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁS!!
Tanás: Putz, desculpa... eu acabei de entrar em um pequeno estado de coma... tudo isso foi muito forte pra mim!
Arcanjo Khanagem: Viu o que você fez, Fulaninha Clichezenta? Deixou o próprio demônio em coma!
Fulaninha Clichezenta: Então eu posso dizer que fechei minha caminhada com chave de ouro, não é? E olha que eu nem sou amiga pessoal dele, senão eu, com certeza, botaria a boca no trombone!
Arcanjo Khanagem: Realmente não sei o que fazer com você...
Fulaninha Clichezenta: Não tem problema. Quem espera sempre alcança!
Arcanjo Khanagem: Ah, já sei! Encontrei algo que tem tudo a ver com você; vai voltar como um rotavírus!
Fulaninha Clichezenta: Hein? O que é isso?
Arcanjo Khanagem: É um vírus que roda o dia inteiro, a VIDA inteira. Redundante, igualzinho a você. E, falando de um jeito que você entenda, pra fechar com chave de ouro, é um vírus que causa fortes diarreias. É um você em forma microscópica. Não vai sentir muita diferença.
Fulaninha Clichezenta: O quê? Ah, não faz isso comigo! Vírus de diarreia, não! Não!!!
Arcanjo Khanagem: Sim, sim! (e, puxando a descarga): Tchau, tchaaaaauuuu!!

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